Namoro de bairro (1)
Vem morar para ao pé de mim, amor
Iremos juntos pela manhã ao mercado
comprar flores, cerejas
um peixe inteiro com suas escamas de luz.
Namoro de bairro (2)
Chegaram as primeiras cerejas
e a mulher que as vende
num cesto, junto ao passeio
parece trazer ainda nos gestos
(ou será nos olhos, no jeito de falar)
o cheiro do campo
o rumor dos pássaros
vi que apreçavas as cerejas
com tua mãe ao lado atenta
cheguei-me a ti
sem te olhar
mas que ouvisses
e disse: gosto.
E quando voltei a passar
do mesmo modo também
acrescentei depois: muito.
Seguravas o saco de cerejas rutilantes
e sem que a tua mãe entendesse
ainda uma vez voltei
para enfim dizer: de ti.
Olhei-te depois de longe
vi que sorrias
e soube assim que tinha passado
escondido
o amor em contrabando.
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