sexta-feira, 8 de abril de 2016

o João fugiu de casa




tinha dito ao João para fazer alguma das tarefas que lhe cabem cá em casa, já não sei qual.  pôr a mesa, levar o lixo para baixo, ou talvez tomar banho ou arrumar o quarto. desatou a resmungar não sei o quê. não liguei, fui fazer o jantar. a Cereja não estava e era a minha vez. daí a pouco estranhei o silêncio e fui espreitar ao quarto dele. havia um letreiro na porta a dizer que tinha fugido de casa. Não liguei. (devia estar nas escadas). Daí a pouco apareceu não disse uma palavra e foi pôr a mesa sem mais refilices. o bilhete entretanto tinha sido alterado, e oportunamente acrescentado com um "da próxima vez".


.

terça-feira, 29 de março de 2016

quase uma fábula



lembro-me da nossa palmeira. lembro-me, porque já não existe. foi-se em poucas semanas. de nada valeram os telefonemas para a Câmara e para a Junta de freguesia. as fotografias que mandei para uma engenheira dos serviços. definhou, definhou. foi caindo aos poucos. até secar de vez. ficou depois ali, um destroço, uma triste lembrança da palmeira orgulhosa que em tempos fora. atré que a levaram.
agora há só o cercado de metal que ficou a assinalar o sítio. e uma mancha redonda de terra à mostra que só os cães usam como território conquistado. e para lá deixarem a sua marca.
pedi à tal engenheira que pusessem cá uma árvore bonita. um dragoeiro, uma oliveira. mas não sei se se vai lembrar disso na altura, que me parece distante, em que cá enfim vierem.

Fica um filme em 4 episódios:
1- a palmeira como era, vibrante, desafiadora, mesmo no meio do inverno à volta



2. até a bicaharad começar a roê-la por dentro...



3- e começar a cair aos bocados..

.

4. até que a levaram...

sábado, 19 de março de 2016

chuva de coiotes




de manhã, o joão chega, deita-se esparramado em ccima de mim. aos abraços e beijinhos, que de há uns tempos para cá anda nesta maré. Eu digo: está a chover? E ele: não. E eu: chuva de coiotes. Ah!


domingo, 8 de junho de 2014

mais de um ano depois...



mudei de computador. e nas mudanças deu para topar que há mais de um ano que.
nestes casos das duas uma: ou se esquece o assunto e se diz que as coisas são como são e tal. ou se tenta recuperar o tempo perdido. com atualizações, resumos, sínteses ou outras manhas. vou ver se consigo passar por entre as duas: fazer de conta que não é nada comigo. e aos poucos, à custa de fotografias e tal, ir contando uma ou outra cena de episódios anteriores. não é folhetim com assinatura paga. nem há razões ou sequer alguém para se queixar.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Saudades do Gui



Já tinha saudades de ver o Gui. Antes (quando o joão andava na pré, e o gui era da sala dele) via-o quase todos os dias, agora que até as entradas na escola são diferentes, já não acontece tantas evzes. Gosto de o ver, da alegria despassarada dele. Dá a impressão de girar em ligação directa com a vida, no que ela tem de mais imediato e espontâneo. Há nele muito da Filipa: uma pontinha de rebeldia, o mesmo à vontade em enveredar pelos caminhos menos usados, mesmo quando todos os outros os seguem, indiferente ao exaspero de quem acha que está ali para o domar ou reconduzir ao bom caminho. Mesmo literalmente é assim: sempre pronto a desviar-se do grupo, a ignorar as filas, a ir para onde a fantasia o chama no momento.
Quando penso no gui, o que mais me lembra é aquele dia no algarve, em que saiu estrada fora, sem que ninguém desse por isso (eu estava de máquina fotográfica na mão e registei o momento) de bordão na mão, como um peregrino, lá desandou ele a caminho de alguma romagem de que só ele saberia o motivo e o rumo. Nem olhou para trás. e tiveram de o ir buscar.





Hoje fomos todos ao cinema: um filme para esquecer. na minha opinião, claro. O joão gostou. como gosta de tudo o que mexa, de tudo o que devora, insaciavel de coisas novas, ainda sem grandes escolhas. quase sempre o que ele "gostou mais" é "de tudo", nos inquéritos que fazemos sobre isto ou aquilo. Era o "Zambézia" um desenho animado que parecia uma colagem de clichés dos filmes do género, ainda por cima com uns desenhos sem alma, pelo menos para quem viu os últimos da pixar, por exemplo. e eu não sou dos mais batidos neste ramo... Também podemos imaginar que um cliché só o é para quem já conhece o original, ou as anteriores glosas dos originais, o que não é o caso dos miúdos. Há sempre uma primeira vez: e a primeira vez pode ser um cliché de outras ignoradas. Até que um dia descobrimos que "já tudo foi dito pelos gregos", como dizia o outro.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O João foi às compras...



que o joão era um comprador exigente já cá se sabia. Lembro-me ainda, ele pequenino, quando íamos à Feira da Ladra comprar brinquedos em segunda mão. Dava-lhe um euro (às evzes dois...) e lá ia ele a apreçar as coisas que via, a hesitar, a medir, a comparar... Tempos infindos. E eu à espera...






não mudou com a idade. No domingo fomos comprar um Lego que ele queria. Adora catálogos: para ver o que há, selecionar o que lhe interessa, sonhar com as coisas que quer ter... Não sabe ainda o valor do dinheiro, mas começa a compreender a lógica das moedinhas. Antes, era capaz de preferir três moedas de 1 cêntimo do que "só" uma de 1 euro... E assim foi juntando uma fortuna aos poucos. Porque eu lhe dava umas moedinhas de vez em quando. Outras vezes porque me pedia "a semanada" (devia ter ouvido essa na escola, ou ao Rodrigo...). Há dias o João Vilhena deu-lhe um mealheiro que "conta" o dinheiro que lá tem dentro. E o João apercebeu-se de que tinha quase quarenta euros, reunidos cêntimo a cêntimo durante mais de um ano. Tratou de escolher a peça que queria no catálogo da Lego e lá vamos nós às compras. Por acsso não havia "aquela" peça, mas ele não desanimou andou e desandou de um lado para outro, rejeitando alguma proposta que eu ou a Cereja íamos fazendo. Talvez não soubesse ainda o que queria, mas era claro o que não queria. E somando este e este, acabou por escolher duas construções que cabioam no orçamento dops 40 euros. Agora haviam de ver a cara do empregado quando ele saca do porta-moedas onde tinha guardado as moedas e despeja em cima da mesa aquele monte de moedinhas! Esteve tempos infindos a fazer montinhos de um cêntimo, de dois, de cinco e as poucas de 1 euro...
Agora o joão diz que vai começar a juntar para daqui a um ano comprar.... (não me lembro o quê, da Lego), mas é possível que até lá ainda mude de ideias ou mudem as modas.

até parece anedota



mas não é.
às vezes o joão vai à faculdade com a Cereja - quando não posso ficar com ele, quando há algum programa interessante, quando a Cereja o puxa. E vai descobrindo aos poucos o mundo da mãe: vê os ácaros ao microscópio, ajuda-a a regar as plantas do projeto em que está a trabalhar... A semana passada a curiosidade voltou-se para os outros edifícios da cidade universitária. O que era aquilo? A faculdade de psicologia, a reitoria, letras. a ali é Direito, disse a Cereja.
Daí apouco, o joão: E o Esquerdo? O esquerdo, o quê, diz a cereja. Ali é direito. E esquerdo, não há?
Para um canhoto é uma falha inperdoável, naturalmente.