sexta-feira, 19 de outubro de 2012

bichos estranhos



de há uns tempos para cá, os desenhos do joão encheram-se de uma fauna bizarra, uma bicharada que já nada tem a ver com as vaquinhas e os cavalos de antes. também as histórias da ilha aparecem agora povoadas de vez em quando de dragões, minotauros e outros monstros que nunca por aí tinham aparecido. A explicação é fácil, afinal: uma colecção de cromos com animais fantasiosos e que ele usa como cartas para jogar, para fazer combinações e séries que desafiam a lógica. e a minha paciência, quando tenho de jogar com ele, sem regras, ou regras inventadas na altura, e sem fim à vista. mais não é do que uma maneira de experimentar novas histórias e novas fantasias. é o mundo que começa agora a desenhar-se com os novos amigos da primeira classe (é verdade: o joão começou este ano a escola "a sério!").
Quando o vou buscar à escola, o caminho até casa serve para me contar o que se passou de interessante na escola e também para me pôr a par das notícias da ilha. "Hoje eu tinha marcado uma guerra, diz ele. a lontrinha é que trata de tudo, já sabes. eu agora não posso, com a escola. É ela e os filhotes. Arma as catapultas, prepara os canhões e tudo. depois fazemos uma pausa para um almocinho e depois quando aparece o Falcão Negro é que começa mesmo a guerra." Há muitas guerras naquela ilha. Lutas ingénuas, com as armas que ele constroi com os legos ou com o playmobil. Algumas personagens foram-se esfumando e de certo só sei que é ele o rei, ou o comandante, que é agora um arquipélago (palavra nova) e que a lontrinha tem um papel de comando. Os inimigos são invariavelmente a Águia Negra ou o Falcão Negro, mas nada impede que outros apareçam de vez em quando.
Começámos a ler os livros dos Cinco. Alguns que a Rita ainda guardava dos seus tempos de criança. outros que trazemos das bibliotecas municipais. e aos poucos também essas aventuras vão-se insinuando nas histórias dele. Ontem lemos um capítulo em que havia um rapto. "Rapto", uma palavra nova e cheia de medos escondidos. À noite quis saber tudo: se em lisboa também havia raptos, se também raptavam pobres. e médios? (médios devemos ser nós, nem ricos nem pobres).
Começámos por ler um capítulo por dia, antes de adormecer. Agora quer sempre também um ao chegar da escola. E quando o livro está a chegar ao fim e o suspense é demasiado, acaba por conseguir que lhe leia mais um ainda.
Anda entusiasmadíssiomo com a escola. Faz fichas de matemática (o que ele mais gosta) e escreve palavras no quadro.
NO fim das férias tinha descdoberto que conseguia ler. Agora não pára: lê tudo o que encontra, os nomes das ruas, os títulos dos jornais... Começa por ler (soletrar, quase) palavra a palavra e depois repete a frase fascinado ao descobrir-lhe o sentido.