Há agora em Lisboa
bandos de papagaios que invadem às vezes
o bairro num alarido de cores e sol
que só conhecíamos dos filmes
ou das histórias que nos contam
Acorro à janela espantado
e surpreendo quase um sorriso
no aceno novo
da palmeira do largo.
* * *
Este menino
Este menino ali
entregue aos seus castelos, barcos, lobos
que logo apaga e volta a erguer
como ilhas, casas, dragões
não sou eu já, que dele me perdi
mas reconheço ainda
o mesmo jeito
o mesmo olhar desprendido
sobre as coisas
a querer ver além do nome
da aparência
o coração que nelas possa bater.