sábado, 19 de novembro de 2011

sábado de manhã (2)




Há agora em Lisboa

bandos de papagaios que invadem às vezes

o bairro num alarido de cores e sol

que só conhecíamos dos filmes

ou das histórias que nos contam

Acorro à janela espantado

e surpreendo quase um sorriso

no aceno novo

da palmeira do largo.


* * *


Este menino

Este menino ali

entregue aos seus castelos, barcos, lobos

que logo apaga e volta a erguer

como ilhas, casas, dragões

não sou eu já, que dele me perdi

mas reconheço ainda

o mesmo jeito

o mesmo olhar desprendido

sobre as coisas

a querer ver além do nome

da aparência

o coração que nelas possa bater.


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