segunda-feira, 8 de março de 2010

a vida é um teatro
A Cereja está em Paris. até 5ª feira. Ontem fomos levá-la ao aeroporto. Sem dramas, sem lágrimas, o joão despediu-se dela, tranquilizou-se (voltas na quinta, não é?) e escolheu uma prenda para a mãe lhe trazer. Tínhamos combinado dar a tudo o ar de coisa normal e sem história. Nada de "agora vê se te portas bem, a mãe não está cá, tens de ajudar o pai, etc etc." tudo coisas que transformam o acontecimento, mesmo sem darmos por isso, em qualquer coisa de "dramático". Tudo se passou bem. Acha´mos nós.
Mas no regresso a casa, apesar de tudo, a brincadeira que o joão propôs foi fazermos uma avião, com cadeiras, em que eu era o piloto e ele o passageiro. Fomos duas vezes a Paris. A preocupação central era sempre a mala: onde a pôr para não se perder. Provavelmente por duas razões: a cereja tinha deixado uma mala à solta, um brinquedo que ele logo adoptou. E talvez também por ainda se lembrar da odisseia das nossas malas perdidas na viagem a Turim.
Mas lá no fundo, lá no fundo, também a necessidade de esconjurar medos ou ansiedades com a viagem da mãe.
É uma coisa que ele por vezes faz. Chega a vacsa e pede: vamos brincar à escola. Ele faz de educadora, eu de joão e a mãe de outra menina. E aproveita para se desfazer de sentimentos de dúvida ou outros que possa ter trazido da escola. Uma vez, no início desta escola, em que ele se mostrava renitente em entrar na escola, em que não dominava ainda o novo espaço, nem conhecia os colegas, andou mais de uma semana num estado de grande ansiedade. Um dia brincamos às escolas. Eu fazia de joão e desatei a chorar porque "queria ir para casa, não queria ficar na escola". Ele abraçou-se a mim (no papel de Marta, a educadora) a consolar-me, a dizer que ali gostavam todos dele. Percebemos que as coisas iam correr bem. E assim foi.
Também quando eu tove um qcidente, em que fiquei engasgado e tive de ser socorrido pelo Inem: o joão ficou muito impressionado. E nos dias que se seguiram tivemos de várias vezes representar a cena, fazendo ele o meu papel, às vezes, outras veezs de médico. E creio que desse modo se tranqulizava, revivia a cena, e se desfazia da ansiedade que tudo aquilo lhe tinha causado. Hoje fala disso normalmente.
O teatro como terapia, pode dizer-se. E foi ele que o descobriu. É sempre ele que propõe as sessões e o tema. Espero que isto se mantenha assim por muito tempo. Faz-lhe berm e permite-nos adivinhar o que vai naquela cabecinha.

há prioridades na vida
Com a Cereja em Paris, cabia-me hoje acordar o joão, dar-lhe o pequeno-almoço e levá-lo à escola. Liguei o rádio da casa de banho, fiz barulho a lavar-me e a preparara o pequeno-almoço e ele.... nada. Só quando abri a janela completamente é que acordou. Levei-o ao colo, com ele literalmente colado a mim para a mesa do snack, na cozinha. Levou uma manada de vacas e cavalos com ele, para comerem do prato dele. Pedi-lhe que dissesse quanto queria de papa: ia deitando e ele tinha de dizer stop, quando chegasse. Comeu tudo. Fiquei contente, porque me chateia muito ver desperdiçar comida. Depois tinha de o convencer a "andar depressa" para chegarmos a tempo à escola. Vsetir-se, lavar-se, fazer a mochila (com o estojo para a aula de inglês). Durante o pequeno almoço quis saber como se dizia "tenho um urso" em inglês, Disse-lhe. "Então se eu tiver dois ursos tenho de dizer "I have two bears". Sim. E três, e quatro, e cinco – e lá foi recitando a lição. Depois, ao lavar os dentes lembrou-se que não tinha posto os arreios ao cavalo. Lá tive de ficar à espera que ele encontrasse o freio e as rédeas e enfiasse o cabeçal num dos cavalos. E nada de mostrar impaciência: na vida há prioridades!


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